Sempre considerei o Nuno Gomes um dos jogadores mais subvalorizados do futebol português. O avançado de Amarante, agora com 34 anos, é o quarto melhor marcador da história da selecção nacional e o segundo com maior média de golos marcados por minuto com as cores nacionais. Ao serviço do Benfica está também no top 10 dos maiores goleadores do clube, já tendo apontado quase 200 golos, 146 deles no campeonato.
O 146º tento do agora capitão encarnado foi conseguido ontem à noite no Estádio da Luz, evitando a derrota do Benfica diante do Portimonense, último da classificação da Liga Zon/Sagres. Nuno entrou aos 70' e oito minutos depois já estava a compensar a (rara) aposta de Jorge Jesus, fazendo o seu terceiro golo da temporada em apenas 75 minutos de utilização. Sim, 75 minutos em campo durante quase uma temporada inteira.
É perfeitamente normal que Nuno Gomes não seja titular da equipa principal do Benfica. Os seus 34 anos não mentem e as suas qualidades físicas estão longe daquelas que apresentou nos seus tempos áureos. O plantel do Benfica apresenta soluções mais seguras, como Cardozo, Saviola e até Jara, que têm assegurado (melhor ou pior) a frescura do ataque encarnado.
O que não se percebe é como é que um jogador com a sua qualidade (nem sequer a precisa de demonstrar com os golos recentes) e com o seu amor ao clube (que é traduzido em atitude extra dentro relvado) joga apenas 75 minutos em sete meses numa equipa que joga em quatro competições e que, por essa razão, é forçada constantemente a dar algumas hipóteses aos elementos menos utilizados.
A partida de ontem à noite foi somente a quarta com a participação do internacional português, que ao longo dos últimos dois anos tem sido relegado para a condição de última opção (num lote de 5, por vezes 6 avançados). Kardec e Weldon são melhores do que ele? Não de todo. 75 minutos ao longo de uma época são razoáveis? Não me parece.
Ao longo de toda uma época, a elegância do capitão foi notável e neste domingo à noite, após salvar a equipa de uma derrota humilhante, manteve uma humildade pouco habitual num consagrado como ele. "Sou mais um no plantel. Vou continuar a aproveitar o pouco tempo que jogo para mostrar que estou vivo." E está mesmo...
José Morgado
José Morgado
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