Há museus, jardins sem fim, construções barrocas, fachadas risonhas e ruas animadas e soalheiras. Há “Venga, Mira, Vale”. Há caminhadas a pé que lutam contra os churros e o chocolate quente de um pequeno-almoço madrileno. Há felicidade, entusiasmo e pequenas vitórias diárias. Desde a descoberta de tapas e pratos típicos até às viagens nos transportes (o mapa do metro de Madrid é um verdadeiro enigma da Esfinge) e ao contacto com novas pessoas, nacionalidades e culturas.
A pergunta impõe-se. O que fazer quando apenas se dispõe de 5 dias para visitar a terra de Cervantes? Absolutamente indispensável: um calçado confortável e uma máquina fotográfica com bateria.
Dia 1, Sábado
Chegar, instalar e desfrutar do primeiro impacto. Agora as placas e a publicidade estão em castelhano. Agora as matrículas dos carros são diferentes. Agora estamos noutra cidade, noutro país e é tempo de conhecer. Já anoiteceu. “Em Madrid é uma hora a mais que em Lisboa, muda o relógio”. Sem perder tempo, a bússola aponta para o centro de Madrid e o plano é sair numa estação central do Metro e andar a pé até sabermos realmente onde vamos passar os próximos dias.
Ninguém trouxe um guia de conversação castelhano, ninguém trouxe um “Top 10 Madrid” nem mesmo um mapa consta na mochila. Estamos pela conta dos nossos pés e de uma grande sede cosmopolita.
É noite de Sábado e não havia melhor dia para sentir la movida madrilena. O bótellon não é um mito e está por toda a parte. Sorridentes e enérgicos – talvez por terem feito la siesta – os madrilenos mostram-se empenhados em fazer desta noite a melhor das suas vidas. Não consegui perceber onde é o espaço boémio por excelência, porque toda a cidade parece estar em festa. Restaurantes, bares, pubs, discotecas, lojas de souvenirs e regalos e até supermercados estão abertos. Afinal não é só Nova Iorque que não dorme.
Dia 2, Domingo
“Ao Domingo os estudantes não pagam nos Museus?”. A aventura no segundo maior sistema de metro da Europa ocidental – o de Londres é o primeiro – continua. A próxima saída é Banco de España, com o destino ao Paseo del Arte, zona conhecida por ter três dos museus mais famosos do mundo – o Museu do Prado, o Museu Thyssen-Bornemisza e o Museu de Arte Reina Sofía.
O Museu do Prado (em baixo) acolhe inúmeras e valiosíssimas colecções. Destacam-se a de escultura e pintura. Apesar da complexidade desta última, que inclui colecções francesas, alemãs e italianas, é a colecção de pintura espanhola que lhe confere o reconhecimento internacional, ao albergar nomes de pintores espanhóis como Velázquez, Goya e José de Ribera.
Já no Museu Thyssen-Bornemisza, resolvi investir o meu tempo no primeiro piso, que contém obras que remontam ao século XX e que vão desde as primeiras vanguardas até à Pop Art. Picasso, Mondrian e Salvador Dalí são nomes incontornáveis da história da arte do passado século e recebem grande atenção por parte dos turistas.
O Museu Reina Sofia, por sua vez, é considerado um dos melhores e mais importantes museus de arte moderna de toda a Europa, destacando, uma vez mais, nomes como Pablo Picasso, Salvador Dalí e também Jean Miró. Guernica de Picasso e O Grande Masturbador de Salvador Dalí são dois dos principais focos de interesse.
Os menos curiosos escolhem um Museu e seguem passeio. Nós ficámos para conhecer os três e assim se perde – ou se ganha – um dia em Madrid.
Dia 3, Segunda-feira
Voltemos ao centro, mais concretamente à Puerta del Sol – passear por esta praça já é praxe – e procuremos a chocolateria San Ginés, na rua Arenal. Aqui pudemos saborear o típico pequeno-almoço madrileno: churros com chocolate.
O coração da cidade – Sol, Gran Vía, Plaza Mayor, Plaza Real, La Latina – ganhou a minha preferência. Podia tentar descrever cada local, mas por mais que me esforçasse nunca lhes ia fazer justiça. Deixo, por isso, apenas os nomes e um breve apanhado sobre o que se pode fazer.
Aqui é o sítio ideal para saborear os pratos típicos (¡sí, tapas!). Aqui pode andar-se horas a fio e conhecer a cada passo um recanto novo, ainda mais acolhedor que o anterior. Aqui vêem-se grupos de amigos em excursão, passeios agradáveis em família, namorados de mãos dadas, casais de terceira idade ainda – e sempre - enternecidos. Aqui é impossível ficar-se indiferente; à cidade, à cultura e, sobretudo, à língua, que cada vez me soa melhor ao ouvido. De repente fazemos parte de tudo isto e o pensamento “eu era capaz de viver aqui” surge, meio inconsequente.
Dia 4, Terça-feira
Preferências clubistas à parte, para qualquer apaixonado por futebol que venha a Madrid, uma excursão ao Estádio Santiago Bernabéu é absolutamente imperdível, bem como uma visita à sala de troféus do Real Madrid. O ideal era assistir a um jogo, mas por falta de sorte só se ficasse cá para a semana. Fica a intenção. ¡Adelante!
À beira-rio (que belo e extenso é o Rio Manzanares), é tempo de aproveitar o penúltimo dia para conhecer a Ciudad Universitaria e ficar a conhecer a Universidade Complutense de Madrid. Caros colegas que ainda ponderam fazer Erasmus, aqui fica uma sugestão para ingressarem numa das mais importantes Universidades de Espanha. Curso? ¡Periodismo!
Para fechar este dia menos cultural, seguimos até ao AZCA – o principal centro financeiro da cidade, no Paseo de la Castellana.
Dia 5, Quarta-feira
Tudo o que é bom acaba rápido, mas acabámos em grande e deixámos para o fim o “pulmão verde” da cidade, também conhecido como Parque do Retiro. O ar puro predomina e o verde é a cor por excelência. Os caminhos são tantos que apelidei este parque de Labirinto do Fauno! As esplanadas convidam a sentar, mas o lago captou quase toda a minha atenção e um passeio de barco tornou-se irresistível.
Por caminhos e vielas, demos com o Palácio de Cristal e com mais um pequeno lago com patinhos. Há bicicletas, faz-se jogging, pratica-se hóquei em patins… E é tudo tão apetecível que juro aqui que se houvesse um em Portugal até eu faria desporto com mais frequência.
É tempo de fazer as malas e seguir para o Aeroporto, em Barajas.
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“Madrid é eu saber pedra sobre pedra e passo a passo como te perdi
é uma cidade alheia sendo minha
é uma coisa estranha e conhecida.”
Ruy Belo
Hasta siempre, Madrid
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